Nordeste
de Bike
João Pessoa - Aracaju
Partimos de João Pessoa no primeiro Domingo de março,
com muito sol e calor, tendo como destino Aracaju, numa viagem
com duração de sete dias. A primeira etapa, de
100 Km, até a ilha de Itamaracá, foi toda por asfalto,
com exceção de um pequeno trecho de terra que liga
a BR-101 à Itapissuma, através do qual evitamos
15 Km de rodovia movimenta.
Dormimos na ilha e, no dia
seguinte, fomos para o Forte Orange, ponto histórico da
região, com a intenção de alugar um barco
a motor para a travessia até a praia de Maria Farinha.
O melhor que conseguimos foi uma canoa a vela. Com alguma dificuldade
nos acomodamos e seguimos na direção da praia,
contornando a ilhota da Coroa do Avião. Logo percebemos
que seria impossível atingir Maria Farinha sem mudar de
bordo, o que implicaria em risco de virar a canoa, pois as bicicletas
impediam a passagem livre da vela para o outro bordo da canoa.
Desembarcamos na praia da Gavôa, seguindo por uma estrada
de paralelepípedos até Nova Cruz, onde atravessamo s de barco a remo o rio que
separa a vila de Maria Farinha. Daí em diante, pegamos
uma estrada asfaltada que passa por praias já urbanizadas,
com movimento de veículos cada vez maior, até Olinda.
Na passagem por Recife, optamos, para fugir do trânsito,
pela área do porto e orla, passando pelas praias do Pina,
Boa Viagem, Piedade e Candeias.
Na praia de Boa Viagem, pedalamos pelo
que acreditávamos ser uma excelente ciclovia, quando fomos
informados, educadamente, por um policial que não era
permitido circular bicicletas pela "ciclovia". Devido
à reclamação dos moradores, ela foi transformada
em pista de cooper. A partir da praia de Candeias, tivemos que
seguir pela movimentada BR-101 até a cidade do Cabo, onde
entramos na PE-60 com destino à Porto de Galinhas, final
da etapa de 109 Km desde Itamaracá.
O terceiro dia foi marcado por um banho de cachoeira em plena
mata Atlântica, próximo à praia de Tamandaré.
Pernoitamos na praia de Peroba, logo após a divisa de
Pernambuco com Alagoas.
Paramos na praia de Barreiras do Boqueirão
para um banho de mar nas piscinas naturais, seguido por um banho
de água doce na "bica" formada por uma fonte.
Existem banheiros rústicos separados para homens e mulheres.
Neste dia, pernoitamos em Pratagi, onde chegamos à noite,
após 133 Km.
Começamos a pedalar, no dia seguinte, acreditando que
o percurso planejado até a praia da Lagoa do Pau, em Coruripe,
seria um "passeio". Para começar, tivemos um
pneu furado perto da praia do Francês. Trocamos a câmara
de ar, sem maiores dificuldades, e fomos para a Barra de São
Miguel, onde tomamos um prolongado banho de rio. Decidimos apesar
do horário e da maré alta, atravessar para a praia
do Gunga, repetindo a caminhada na beira-mar feita na viagem
anterior. No final
da tarde, atravessamos o rio São Miguel em um grande barco
a motor, próprio para passeios turísticos, e desembarcamos
na praia do Gunga. Só por volta de meia-noite é
que chegamos a estradinha de acesso à rodovia asfaltada.
As dificuldades desse dia não tinha acabado por aí.
Perto do povoado de Jequiá tivemos um pneu estourado numa
decida. Nos vimos de repente, sentados na calçada de uma
pequena igreja de um povoado adormecido, ás três
horas da madrugada, maldizendo a decisão de não
levar pneu sobressalente. Improvisamos um "manchão"
com um pedaço de câmara de ar e seguimos devagar
até o povoado de Lagoa do Pau, chegando às 4h30.
No dia seguinte, fomos até
a cidade de Coruripe, onde trocamos o pneu rasgado, tendo o cuidado
de comprar um sobressalente. Saímos da cidade ao anoitecer
com destino a Piaçabuçu, que fica na margem do
rio São Francisco, próxima à sua foz.
Na manhã seguinte alugamos uma canoa a motor para a
travessia de Piaçabuçu a Ponta do Mangue (extremo
norte de Sergipe), que nos levaria bem próximos à
foz do São Francisco, contornando a ilha do Arambipe pelo
canal que termina em Ponta do
Mangue. Quando já tínhamos partido, o vento mudou
para o sudeste, com ameaça de chuva , o
que fez o canoeiro desistir de entrar no canal que forma a ilha
do Arambipe e desembarcarmos na cidade de Brejo Grande. Seguimos,
então, por uma estrada de terra com muitas costelas e
pedregulhos, por 32 Km até Ponta do Mangue. Este trecho
justificou o custo das suspensões dianteiras que equipam
três das nossas quatro bicicletas.
Em Ponta de Mangue, numa palhoça a beira-mar esperamos
a maré baixar o suficiente a permitir passagem. Pedalamos
por 35 Km de praias totalmente desertas, com vento a favor, parando
apenas para um banho rápido
em uma das lagoas da região. As únicas pessoas
que encontramos foram dois biólogos do projeto Tamar.
A área da foz do São Francisco, entre o pontal
do Peba, em Alagoas, e Pirambu, em Sergipe, é local de
desova de tartarugas marinhas.
Em Pirambu, atravessamos o rio Japaratuba, de canoa, e pedalamos
por mais 12 Km de praias desertas, já à noite.
Na praia de Jatobá
próxima ao novo porto de Sergipe, saímos da areia
e seguimos pela rodovia asfaltada que leva até a Barra
dos Coqueiros, chegando na praia de Atalaia Nova, final da viagem,
avistando as luzes de Aracaju no outro lado do rio Sergipe, terminando,
assim, 690 Km de viagem entre goles de cerveja bem gelada.
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