Ciência
   

Aerodinâmica

 

Fonte: The Exploratorium's Science of Cycling

 

Todos os ciclistas têm que vencer o vento. A maioria das bicicletas de lazer, nas quais o ciclista sentam eretos, tem uma pobre aerodinâmica. Enquanto as novas bicicletas são projetadas tendo-se em mente a aerodinâmica, o corpo humano não é bem "projetado" para cortar o ar. Os corredores de bicicleta estão cientes do problema da resistência do ar e, através dos anos, têm desenvolvido técnicas para reduzi-la. Os projetistas de bicicleta e inventores têm feito experiências no desenvolvimento de projetos de bicicletas alternativas e HPVs ("Human-Powered Vehicles - "Veículos Movidos a Força Humana"), com ênfase numa melhor performance aerodinâmica.

 

Resistência do Vento

Todo ciclista que já tenha pedalado com um forte vento contra, conhece a resistência do vento. É exaustivo! Para se mover adiante, o ciclista deve forçar o caminho através da massa de ar em frente. Isso gasta energia. Eficiência aerodinâmica - um formato que corta o ar mais suavemente - permite ao ciclista se deslocar mais rápido, com menos esforço. Mas quanto mais rápido o ciclista se desloca, mais resistência do vento ele sofre e mais energia ele deve gastar para vencê-la. Quando estão competindo, os ciclistas visam atingir altas velocidades, eles não se concentram apenas em maior potência, mas também em maior eficiência aerodinâmica.

O arrasto aerodinâmico (força contrária ao deslocamento) consiste de duas forças: o arrasto da pressão do ar e o atrito direto (também conhecido como atrito de superfície ou atrito da pele). Um objeto irregular, pouco aerodinâmico, agita o ar que flui em volta dele, forçando o ar a se separar da superfície do objeto. As regiões de baixa pressão atrás do objeto provocam uma pressão de arrasto contra ele. Com alta pressão na frente e baixa pressão atrás, o ciclista é, literalmente, empurrado para trás. Projetos aerodinâmicos ajudam o ar envolver mais suavemente esses corpos e reduzem o arrasto de pressão. O atrito direto ocorre quando o vento entra em contato com a superfície externa do ciclista e da bicicleta. Os ciclistas de competição usam, freqüentemente, "skinsuits" (camisas coladas à pele), com o objetivo de reduzir o atrito direto.

O atrito é um fator menos importante do que o arrasto da pressão do ar. Numa estrada plana, o arrasto aerodinâmico é, de longe, o maior obstáculo à velocidade do ciclista, representando 70 a 90 porcento da resistência sentida enquanto se pedala. A único obstáculo maior é subir uma ladeira: o esforço necessário para pedalar ladeira acima, contra a força da gravidade, supera de longe o efeito da resistência do vento.

 

Charley "Mile-a-Minute" Murphy foi um ciclista de competição, nos primódios do ciclismo. O seu feito de "uma-milha-em-um-minuto" foi realizado em 1899. Nessa época ele se deslocava mais rápido do que o mais rápido automóvel. Note o grande "para-brisa" no trem em frente a ele, o qual reduzia muito a resistência do vento.

 

 

 

Calcule o Arrasto e a Potência de Propulsão de um Ciclista

Sua Velocidade


Km/hr
Velocidade do Vento

Km/hr
Seu Pêso


Kg
Inclinação

graus



 A velocidade relativa é:

metros/seg

 ou


Km/hr

 A resistência do Vento é:

Newtons

 A potência requerida para manter a velocidade
constante é:

Watts

 ou

Calorias por minuto

 

Notas:

  1. Velocidade: é a sua velocidade (Km/h) como lida em um velocímetro.
  2. Velocidade do Vento (Km/h): é negativa (-) se o vento é a favor; e positiva (+) se o vento for contra (relativa ao chão).
  3. Peso: seu peso em Kg.
  4. Angulo: é o angulo, em graus, de subida. 0 é plano, 90 é uma parede vertical.
  5. Clique no botão "Calcular" e verifique a força de arrasto e a potência requerida para mante-lo movendo-se a uma velocidade constante.
  6. Foram feitas algumas considerações, a fim de simplificar o cálculo. Por exemplo, esta calculadora não leva em conta a posição do corpo (ou tamanho) do ciclista, em relação à resistência do vento. Além disso, outros fatores, tais como o coeficiente de atrito, são fixos. Também, se você entrar com dados não realísticos, você obterá resultados não realísticos. Finalmente, saiba que para o cálculo de "Calorias por minuto" foi assumido que o corpo humano é 100% eficiente - o que não é o caso (20% é uma eficiência mais aproximada). Para resultados mais precisos multiplique a "Calorias por minuto" por 5.

 

Reduzindo a Resistência

Construtores e projetistas de quadros têm trabalhado para criar projetos mais eficientes aerodinamicamente. Alguns projetos recentes se concentraram em mudar de tubos redondos para tubos ovais ou "tear-shaped" ("formato de lágrima"). Existe um delicado ponto de equilíbrio entre a manutenção de uma boa relação peso-resistência e a melhoria da eficiência aerodinâmica. Aperfeiçoamentos nas rodas representaram, talvez, o maior impacto. Uma roda raiada padrão tem sido descrita como um "batedor de ovos", criando muitos redemoinhos pequenos enquanto a roda gira, provocando arrasto. As rodas com disco, geralmente mais pesadas que as rodas com raios, produzem menos arrasto do vento e menos turbulência quando giram.

Enquanto as melhorias dos quadros e componentes aumentaram a performance aerodinâmica, o ciclista é o maior obstáculo para uma melhora dramática. O corpo humano não é muito aerodinâmico. A posição do corpo é importante; os ciclistas de estrada usam os guidons baixos ("drop bars") para possibilitar a redução de sua área frontal, o que ajuda a reduzir a resistência que eles têm que vencer. A redução da área frontal ajuda aos ciclistas aumentar sua velocidade e eficiência. Somando-se à posição, pequenos detalhes, como as roupas, pode também fazer uma grande diferença na redução do "atrito da pele". Roupas justas de tecidos sintéticos são usadas por quase todos os ciclistas profissionais, tanto de estrada quanto de mountain biking. Muitos ciclistas recreativos também estão vestindo roupas de ciclismo para melhoras na aerodinâmica, bem como no conforto.

 

O Vácuo

O "vácuo" é uma importante técnica nas provas de estrada. O Cientista Senior do Exploratorium, Paul Doherty, explicou, "o ciclista, enquanto se desloca através do ar, produz uma esteira de turbulência atrás dele. Isso provoca vórtices. Os vórtices geram uma área de baixa pressão atrás do ciclista e uma área de vento que se move com o ciclista. Se você é um ciclista perseguidor e pode se posicionar na "vácuo" do ciclista da frente, você pode tirar vantagem. A baixa pressão move você para a frente e os redemoinhos, também, empurram você para a frente".

Surpreendentemente, o vácuo não apenas ajuda o ciclista que segue o líder, mas o ciclista líder também tira vantagem. Paul explicou, "o interessante é que ocupando o redemoinho provocado por uma pessoa na sua frente, você melhora a performance dessa pessoa também. Portanto, duas pessoas juntas podem consumir menos energia do que gastariam individualmente, para uma mesma distância percorrida no mesmo espaço de tempo". O ciclista da frente, mesmo tirando alguma vantagem nessa situação, gasta muito mais energia do que o ciclista que o está seguindo.

Numa prova de estrada, os ciclistas se juntam em um grupo, conhecido como pelotão, ou ficam em linha ("pace line"). Os ciclistas que fazem parte do grupo podem economizar até 40 porcento no gasto de energia, em relação ao ciclista que não está no "vácuo" do pelotão. Para tirar proveito do "vácuo", um ciclista precisa ficar o mais perto possível da bicicleta da frente. Quanto menor a distância maior a diminuição da resistência do vento.

No mountain biking o "vácuo" parece ser menos importante. A campeã americana de cross-country, Ruthie Matthes explicou, "no mountain biking, o "vácuo" não tende a ser um fator decisivo. As velocidades são menores (do que nas provas de estradas) e a resistência ao rolamento é maior. O "vácuo" ajuda no aspecto mental, mantendo o ritmo com alguém na sua frente. Mas quanto a gastar menos energia, não é realmente um fator relevante". Além da resistência ao rolamento e das velocidades mais baixas, as curvas e o sobe-e-desce da maioria dos percursos de mountain biking tornam o "vácuo" extremamente difícil.

 

Bicicletas Tipo "Recumbent" e HPVs

O "vácuo" nem sempre é uma opção e os seus benefícios são limitados. A maneira mais fácil de vencer a resistência e reduzir o arrasto é tornando-se mais aerodinâmico. Nos projetos "recumbents", os ciclistas pedalam numa posição sentada (figura ao lado), o que dá à bicicleta um perfil mais baixo e a torna mais eficiente aerodinamicamente. As bicicletas "recumbents" circulam há mais de 100 anos, apesar de nunca terem gozado da popularidade da bicicleta normal, a qual permanece como o projeto que as pessoas associam à bicicleta.

O veículos movidos à força humana (HPV), tornaram-se popular durante os anos 70. Nesses anos a popularidade das bicicletas atingiram um novo pico e dois embargos de petróleo da OPEP aumentaram a conscientização pública acerca dos meios alternativos de transporte. A maioria dos HPVs usam um projeto "recumbent" e uma leve carenagem externa, para tornar o veículo mais aerodinâmico e reduzir o "atrito de pele". Os HPVs podem se deslocar em altas velocidades. O recorde mundial é de 200 metros percorridos a 68 milhas por hora (109 Km/h).

As "recumbents" detêm muitos recordes de velocidade e de resistência e são muito confortáveis de pedalar. São tão eficientes que muitas provas não permitem a participação delas, por medo de que os ciclistas nos projetos tradicionais estejam em desvantagem. Existem umas poucas desvantagens no projeto "recumbent". Uma delas é o custo; as "recumbents" não são produzidas em massa e custam mais que as bicicletas tradicionais. Além disso, as "recumbents" são difíceis de serem vistas na estrada - a maioria dos usuários usam uma bandeira de segurança, de cor laranja, para que os motoristas possam evita-los mais facilmente.