Cicloturismo

Pedalando de Salvador a Porto Seguro (continuação)

Parte 1
Parte 2
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Na manhã seguinte, com a maré baixa, decidimos continuar até Ilhéus pela praia, cuja areia muito dura era excelente para pedalar. De Ilhéus seguimos para Olivença pela rodovia litorânea (BA-001), que nesse trecho segue à beira mar e tem inúmeros bares e restaurantes, muitos hotéis e pousadas e, pelo menos três áreas para camping. Almoçamos em Olivença e seguimos viagem com destino a Canavieiras 100 km de asfalto ao sul, pela BA-001. Logo na saída de Olivença tivemos um problema com a corrente de uma das bicicletas, que nos fez perder um bom tempo. Nos próximos 30 Km a rodovia continua plana e próxima a praia. Quando se aproxima de Una a estrada se afasta da praia e entra numa região de mata com várias ladeiras. É nessa região que está situada a Reserva Biológica de Una, criada com o objetivo de salvar o mico-leão-da-cara-dourada da ameaça de extinção, protegendo o seu "habitat" na mata atlântica. Passamos por Una já à noite embaixo de muita chuva. Decidimos, então, não seguir até Canavieiras, mas dormir em Comandatuba, onde chegamos às 1h30 da madrugada, completamente encharcados. Apesar do horário conseguimos encontrar uma pousada.

Comandatuba é um povoado, no município de Una, que fica separado da praia por um canal que forma a ilha de Comandatuba. Esta ilha é uma propriedade privada, uma parte é ocupada por um luxuoso hotel e a outra parte é explorada por um balneário com restaurante, bares na praia, passeios de barco, etc.

Seguimos para Canavieiras tão cedo quanto nos foi possível acordar, preocupados com o horário do barco que teríamos de pegar para chegar a Belmonte, no outro lado do rio Jequitinhonha. Neste dia, uma sexta-feira, deveríamos chegar em Porto Seguro, de acordo com o nosso planejamento. Percorremos os 45 km que separam Comandatuba de Canavieiras o mais rápido que podíamos, tentando diminuir o atraso acumulado nos dias anteriores. Canavieiras fica situada na foz do rio Pardo, é chamada de Canes pelo pessoal da região e tem a fama de ser a cidade do Brasil com maior número de bicicletas por habitante. Chegamos um pouco antes do horário de saída do barco, que aliás muda com o horário da maré, visto que só na maré alta é possível navegar nos canais entre os manguezais que ligam o rio Pardo ao rio Jequitinhonha. O tempo previsto para a travessia era de 3 horas. Não mais que 15 minutos após a partida o motor do barco apresentou um problema e tivemos que ser rebocados por um barco de pesca até um pequeno ancoradouro na margem mais próxima. Foram 2 horas de espera, enquanto o motor era reparado. Chegamos em Belmonte já à noite, após uma travessia inesquecível por canais entre enormes manguezais, que parecia às vezes tão estreitos que não daria passagem ao barco.

Belmonte nos surpreendeu por sua limpeza, os casarões do século passado bem cuidados, as ruas arborizadas e muito limpas. Já passava das 19 horas e ainda estávamos a mais de 80 Km de Porto Seguro. Após um jantar reforçado seguimos viagem e para nossa surpresa a estrada entre Belmonte e Porto Seguro tinha sido asfaltada a pouco tempo. A estrada plana e sem ladeiras, o vento a favor e a temperatura agradável da noite possibilitaram uma pedalada forte, diminuindo o atraso acumulado no dia. Nem os barulhentos vira-latas, que surgiam aos bandos tentando nos alcançar em todos os povoados por onde passávamos, conseguiam abalar o nosso ritmo. Quando chegamos na margem do rio Santo Antônio, no povoado de mesmo nome, a balsa já estava parada, devido ao horário. O jeito foi atravessar o rio equilibrando as bicicletas sobre as madeiras de uma ponte em construção, com a ajuda oportuna do segurança da construtora, que ia à frente colocando tábuas. Passava de 1 hora da madrugada quando chegamos em Santo André, na margem esquerda do rio João de Tiba e a balsa também já tinha parado. Estendemos os sacos de dormir sob a marquise do terminal da balsa e dormimos até às 6 horas da manhã, quando acordamos apressados com a balsa pronta para sair.

Santa Cruz de Cabrália fica na outra margem do rio João de Tiba, a 25 km de Porto Seguro. Foi aqui, na praia da Coroa Vermelha, que foi celebrada a primeira missa logo após o descobrimento do Brasil. Fizemos o trecho final da viagem em ritmo de passeio, sem a menor pressa, não resistindo a uma parada para tomar banho de mar e tirar fotografias. Chegamos em Porto Seguro, num sábado, após uma semana de viagem, com o ciclocomputador registrando 544 km.

 


Participantes:

Djalma Jardim
Gilson Ramos
Guilherme Marques
Alfredo Borba

 

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